O projeto Vivência Virtual 360º propõe uma visitação on-line ao Sesc Registro, apresentando alguns pontos da unidade a partir de imagens e textos. O mural e a escadaria que pintei por lá em 2019 aparecem nesse rolê virtual juntamente com textos produzidos por Fernanda Carneiro, educadora e historiadora da arte.
Emol é artista visual,
educador e errante, sem residência fixa. Pensar nisso nos permite deslumbrar um
corpo que está em constante contato com contos, causos e histórias dos lugares
por onde passa.
As suas experiências criam
uma cartografia poética: a partir do saber local emergem personagens que irão
compor esse multiverso imagético. A pintura nas escadarias que dão acesso a marquise é um desdobramento do
mural que fica ao longo do Rio Ribeira de Iguape.
A escadaria como continuidade narrativa,
desembola a linha de pipa, nos fazendo ver o hoje, mas ao mesmo tempo
rememorando o ontem. Desvela na pintura traços e cores vivas, como uma forma
poético-política de resgate da memória, exercício de fazer com que nos
reaproximemos de nossas raízes ancestrais e das comunidades locais.
Para homenagear
as populações originárias e quilombolas da região do Vale do Ribeira, o artista
escolheu símbolos adinkras que estão dispostos na parte superior de três personagens.
Dessa poética, cria uma grandiosa narrativa de resistência, luta, permanência e
cooperação que são representadas pelos símbolos.
Emol entende a
sua produção como “antena e raiz", uma forma de resgatar a ancestralidade
e transmiti-la por meio dos traços, linhas e cores que mostram a vivacidade
dessas culturas e as tornam protagonistas de suas narrativas. O artista cria
uma ambiência entre seu trabalho e o entorno que leva o espectador a contemplar
a vista, mesmo depois que o mural se encerra. A sensibilidade de criar essa
transição de forma suave é um processo de simbiose, de estudo do espaço e de
conexão do mural com o rio.
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